COMPLEXO DO ANTIGO LAZARETO, ÁREA DE QUARENTENA E DESINFECÇÃO, NA ENSEADA DO ABRAÃO, ILHA GRANDE, LITORAL DE ANGRA DOS REIS (RJ). (1909)
(continua...em construção)...
O LAZARETO DA ILHA GRANDE
O que é um Lazareto? Prédio em lugar ermo ou navio fundeado (lazareto flutuante) onde se mantinham em quarentena passageiros e tripulantes de navio que não comprovasse condição de bom estado higiênico, ou suspeito de estarem conduzindo vítima de doença contagiosa.
Edifício para quarentena de pessoas suspeitas de contágio. Entre outras definições.
Em 1177, já existia o italianíssimo Lazzaretto 'local onde se recolhiam leprosos' derivado direto do Lazzaro 'leproso' e mendigo, personagem fictício da parábola de Jesus (Lucas 16:19-31/Bíblia), associada à tradição de considerar-se, equivocadamente, São Lázaro o protetor dos leprosos. Foi na idade média, que São Lázaro do evangelho de João (“A ressurreição de Lázaro” - cap. 11:01-46/Bíblia) transformou-se em padroeiro dos leprosos pela associação errada com seu homônimo, Lázaro, personagem principal da parábola narrada no livro de Lucas “O rico e Lázaro”.
Na segunda metade do século XIX, a cólera-morbo rondava o mundo, causando preocupação às autoridades de muitos países. Entre os destinos ameaçados pelo grande fluxo de viajantes provenientes do continente europeu, que chegavam embalados pelo sonho de vida nova e prosperidade neste lado do Atlântico, encontrava-se o Brasil. Os navios mais visados, sem dúvidas, eram os que partiam dos portos infectados da Espanha e Itália, países assolados pelo terrível mal que propagava-se para outros continentes.
O famoso historiador Brasil Gerson, já falecido, conta em seu “Ruas do Rio”: “A partir de 1849 o Rio foi assolado por uma epidemia de cólera-morbus, que matou 2.300 de seus habitantes. O mal teve um de seus focos de irradiação precisamente nela, na casa do negociante Leon Cohn, propagado pelo negro de ganho seu escravo, que por sua vez, o adquirira na orla praieira em contato com passageiros vindos do norte” (GERSON, 2000, Lacerda&Editores)
A casa do Negociante Leon Cohn, conta Gerson, ficava na antiga Rua do Sabão que localizava-se no centro do Rio, nas proximidades da atual Praça XV. Quando ele diz, acima, precisamente nela; refere-se à Rua do Sabão, a qual dedicava exclusivo comentário.
Em agosto de 1849, entrou na baía do Rio de Janeiro a fragata inglesa Apollo, tendo entre os seus passageiros, vítimas de cólera. O Imperador D. Pedro II, seguindo a orientação das autoridades sanitárias, ordenou que fosse levada para quarentena embarcada, na Enseada de Palmas, na Ilha Grande. Para a mesma enseada e finalidade, também foi encaminhada, em maio de 1855, a galera portuguesa Defensora. E, em agosto, desta vez para a Enseada do Abraão, destinaram o navio brasileiro Imperador. No ano seguinte, em 1856, ainda na Ilha Grande, “não só uma fragata ingleza, como vários vapores procedentes das províncias do norte fizeram quarentena e foram desinfectados.” - citação do engenheiro do Império Paula Freitas (1884).
Quase trinta anos depois, foi nomeado Inspetor Geral de Saúde dos Portos, pelo decreto de 19 de fevereiro de 1881, o Dr. Nuno Ferreira de Andrade, tendo ocupado este cargo até 1889. Durante a sua atuação, surgiu a necessidade de se construir um novo e moderno lazareto, para impedir que a cólera e outras doenças contagiosas entrassem no Brasil através dos portos, em navios suspeitos de estarem transportando passageiros infectados procedentes da Europa e Ásia. Inicialmente, nomeou-se uma comissão para escolher um local ideal, na costa do Rio de Janeiro, distante do centro populacional, de preferência numa ilha, afim de dificultar o acesso por pessoas estranhas. Fizeram parte dessa comissão Dr. Nuno Ferreira de Andrade, Antônio Luís von Hoonholtz, o Barão de Teffe, e Dr. Antonio de Paula Freitas, engenheiro do Império. Para esse fim foram examinados os seguintes locais: 1.° As enseadas da Jurujuba e Praia de Fóra;
2.° Todas as ilhas existentes entre a barra do Rio de Janeiro e a restinga da Marambaia;
3.° As enseadas existentes na parte septentrional da ilha Grande;
4.° A enseada de Cabo Frio;
5.° As ilhas de Sant`Anna, em frente ao porto Imbetiba, na cidade de Machaé;
6.° Algumas outras localidades situadas no litoral do continente.
Por pouco, a Vila de Sepetiba, situada na Baía de Sepetiba, não foi a escolhida para nela se erguer o Lazareto. Embora a sua localização oferecesse muitas vantagens, o eleavado preço da desapropriação da fazenda, desanimou por completo a comissão:
“A circumstancia de se achar a villa de Sepetiba a 16 milhas de distancia da ilha da Marambaia, seria, entretanto, importante, sob o ponto de vista commercial, pelo facto de que até aquelle ponto existe uma linha ferrea, de tracção animal, que, partindo de Santa Cruz, permittiria estabelecer pela estrada de ferro D. Pedro II uma communicação rapida com a Côrte, quer para os passageiros que fossem julgados promptos no lazareto, quer para o serviço da administração, fornecimento de viveres e de recursos, quer ainda para o transporte de cargas, mórmente quando, pelo oceano, temporaes prolongados ou alguma outra causa obstassem a communicação por meio de barcos a vapor.Entretanto, apezar de todas as vantagens apontadas, nenhum estudo, a não ser esse exame feito ligeiramente de bordo, e o reconhecimento sobre a carta de Mouchez, alli se fez, porque a circumstancia do elevado preço da desapropriação da fazenda afugentou todo e qualquer pensamento de aproveital-a para o lazareto.” - Relatório – Dr. Antônio de Paula Freitas/1884 Por fim, entre as diversas regiões estudadas capazes de receber a instalação do Lazareto, decidiu-se pela a Enseada de Abraão, na Ilha Grande. Um conjunto de aspectos positivos favoreceram para a escolha do local:
a) sua localização geográfica, permitia o total isolamento do continente; b) a grande enseada proporcionava abrigo seguro para vários navios, a separação entre eles e setores de tratamento; c) “os ventos favoráveis à renovação do ar”; d) área suficiente com solo nivelado que não exigia as mais consideráveis despesas de nivelamento, para o assentamento de todo o complexo quarentenário; e) abundância de água puríssima, sendo um dos rios encachoeirado.
em construção...
O famoso historiador Brasil Gerson, já falecido, conta em seu “Ruas do Rio”: “A partir de 1849 o Rio foi assolado por uma epidemia de cólera-morbus, que matou 2.300 de seus habitantes. O mal teve um de seus focos de irradiação precisamente nela, na casa do negociante Leon Cohn, propagado pelo negro de ganho seu escravo, que por sua vez, o adquirira na orla praieira em contato com passageiros vindos do norte” (GERSON, 2000, Lacerda&Editores)
A casa do Negociante Leon Cohn, conta Gerson, ficava na antiga Rua do Sabão que localizava-se no centro do Rio, nas proximidades da atual Praça XV. Quando ele diz, acima, precisamente nela; refere-se à Rua do Sabão, a qual dedicava exclusivo comentário.
Em agosto de 1849, entrou na baía do Rio de Janeiro a fragata inglesa Apollo, tendo entre os seus passageiros, vítimas de cólera. O Imperador D. Pedro II, seguindo a orientação das autoridades sanitárias, ordenou que fosse levada para quarentena embarcada, na Enseada de Palmas, na Ilha Grande. Para a mesma enseada e finalidade, também foi encaminhada, em maio de 1855, a galera portuguesa Defensora. E, em agosto, desta vez para a Enseada do Abraão, destinaram o navio brasileiro Imperador. No ano seguinte, em 1856, ainda na Ilha Grande, “não só uma fragata ingleza, como vários vapores procedentes das províncias do norte fizeram quarentena e foram desinfectados.” - citação do engenheiro do Império Paula Freitas (1884).
Quase trinta anos depois, foi nomeado Inspetor Geral de Saúde dos Portos, pelo decreto de 19 de fevereiro de 1881, o Dr. Nuno Ferreira de Andrade, tendo ocupado este cargo até 1889. Durante a sua atuação, surgiu a necessidade de se construir um novo e moderno lazareto, para impedir que a cólera e outras doenças contagiosas entrassem no Brasil através dos portos, em navios suspeitos de estarem transportando passageiros infectados procedentes da Europa e Ásia. Inicialmente, nomeou-se uma comissão para escolher um local ideal, na costa do Rio de Janeiro, distante do centro populacional, de preferência numa ilha, afim de dificultar o acesso por pessoas estranhas. Fizeram parte dessa comissão Dr. Nuno Ferreira de Andrade, Antônio Luís von Hoonholtz, o Barão de Teffe, e Dr. Antonio de Paula Freitas, engenheiro do Império. Para esse fim foram examinados os seguintes locais: 1.° As enseadas da Jurujuba e Praia de Fóra;
2.° Todas as ilhas existentes entre a barra do Rio de Janeiro e a restinga da Marambaia;
3.° As enseadas existentes na parte septentrional da ilha Grande;
4.° A enseada de Cabo Frio;
5.° As ilhas de Sant`Anna, em frente ao porto Imbetiba, na cidade de Machaé;
6.° Algumas outras localidades situadas no litoral do continente.
Por pouco, a Vila de Sepetiba, situada na Baía de Sepetiba, não foi a escolhida para nela se erguer o Lazareto. Embora a sua localização oferecesse muitas vantagens, o eleavado preço da desapropriação da fazenda, desanimou por completo a comissão:
“A circumstancia de se achar a villa de Sepetiba a 16 milhas de distancia da ilha da Marambaia, seria, entretanto, importante, sob o ponto de vista commercial, pelo facto de que até aquelle ponto existe uma linha ferrea, de tracção animal, que, partindo de Santa Cruz, permittiria estabelecer pela estrada de ferro D. Pedro II uma communicação rapida com a Côrte, quer para os passageiros que fossem julgados promptos no lazareto, quer para o serviço da administração, fornecimento de viveres e de recursos, quer ainda para o transporte de cargas, mórmente quando, pelo oceano, temporaes prolongados ou alguma outra causa obstassem a communicação por meio de barcos a vapor.Entretanto, apezar de todas as vantagens apontadas, nenhum estudo, a não ser esse exame feito ligeiramente de bordo, e o reconhecimento sobre a carta de Mouchez, alli se fez, porque a circumstancia do elevado preço da desapropriação da fazenda afugentou todo e qualquer pensamento de aproveital-a para o lazareto.” - Relatório – Dr. Antônio de Paula Freitas/1884 Por fim, entre as diversas regiões estudadas capazes de receber a instalação do Lazareto, decidiu-se pela a Enseada de Abraão, na Ilha Grande. Um conjunto de aspectos positivos favoreceram para a escolha do local:
a) sua localização geográfica, permitia o total isolamento do continente; b) a grande enseada proporcionava abrigo seguro para vários navios, a separação entre eles e setores de tratamento; c) “os ventos favoráveis à renovação do ar”; d) área suficiente com solo nivelado que não exigia as mais consideráveis despesas de nivelamento, para o assentamento de todo o complexo quarentenário; e) abundância de água puríssima, sendo um dos rios encachoeirado.
em construção...
Sem comentários:
Enviar um comentário